Intervenientes


        Consulta de Aconselhamento ao Viajante da Universidade Fernando Pessoatem como responsável o Prof. Doutor João Luís Baptista. Médico, Especialista em Medicina Tropical, Mestre em Ciências Biomédicas Tropicais pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical Belga, e Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade de Antwerpen.
Exerce actualmente funções como Professor de Saúde Pública na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e coordena os estágios de Saúde Pública dos alunos pré-graduados e pós-graduados no Continente Africano, nomeadamente nos PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Principe).
Fundador e coordenador da Consulta de Aconselhamento ao Viajante da Faculdade de Ciências Médicas e da actual Consulta de Aconselhamento do Viajante da Universidade Fernando Pessoa, tem vasta experiência em países tropicais, sendo autor e co-autor de vários livros e publicações nesta área.

        Existem vários intervenientes para a evicção dos riscos para a saúde do viajante.

        O primeiro interessado é o próprio viajante que:

        (1) tem que saber que no local onde vive se encontra em equilíbrio "natural" com o meio ambiente que o rodeia. Este este equilíbrio é no entanto instável, podendo ser perturbado, 

            mesmo neste ambiente "familiar", por mudanças sazonais no clima, condições de stress e outros factores como, por exemplo, a introdução de um microrganismo estranho até 

            ao momento. As viagens internacionais produzem no viajante mudanças físicas e ambientais que podem perturbar, de forma significativa, o equilíbrio existente. A súbita 

            exposição a mudanças de altitude, humidade, temperatura ou da flora microbiana, podem alterar o estado habitual da saúde do viajante. Estas mudanças de ambiente são, 

            muitas vezes, exacerbadas pelo stress e pela fadiga, podendo vir a resultar num estado de "menor saúde" e na incapacidade do viajante atingir os objectivos da sua viagem. Os 

            riscos associados a viagens internacionais são influenciados pelas características quer do viajante (idade, sexo, estado de saúde), quer da viagem em si (local de destino, 

            objectivo e duração da estadia).

        (2) deve planear cuidadosamente a viagem (medidas de prevenção, precauções necessárias). É da responsabilidade do viajante a procura de informação, a consciencialização dos 

             riscos envolvidos e a toma das precauções necessárias à viagem.

        (3) estar consciente dos factores de risco associados à viagem.

        (4) tem o dever de marcar consulta médica de aconselhamento, preferencialmente, 4 a 6 semanas antes da partida. No entanto, mesmo os viajantes de última hora também 

             beneficiam de uma consulta médica, ainda que na véspera da partida.

        (5) deve transportar um estojo médico básico, de acordo com as necessidades individuais.

        (6) deve realizar um exame geral dentário antes de viajar e não esquecer o par de óculos suplementar.

        (7) deve responsabilizar-se sobre a decisão de viajar; o reconhecimento e aceitação dos riscos envolvidos; a procura de aconselhamento médico de forma atempada; a adesão às 

             vacinações recomendadas, à medicação prescrita e às precauções subsequentes a tomar; o planeamento cuidadoso da viagem antes da partida; o transporte do estojo médico 

             e sua utilização; a obtenção do seguro de viagem adequado aos problemas de saúde que pode vir a enfrentar; as precauções com a sua saúde antes, durante e após a viagem; 

             a responsabilidade na obtenção de declaração médica onde conste a medicação prescrita ou outro material médico que venha a transportar; a responsabilidade pela saúde e 

             bem estar das crianças que o acompanham; as precauções para evitar a transmissão de alguma doença infecciosa durante e após a viagem; a declaração meticulosa de 

             qualquer doença no regresso, incluindo informação acerca das viagens efectuadas recentemente; o respeito pelo país de acolhimento e respectiva população; a necessidade de  

             proceder a um exame médico no regresso de uma viagem, caso (1) padeça de uma doença crónica, (2) sinta mal-estar nas semanas seguintes ao regresso a casa, 

             particularmente se ocorrer febre, diarreia persistente, vómitos, icterícia, alterações do foro génito-urinário, doenças dermatológicas ou infecções genitais, (3) considere que esteve

             exposto a uma doença infecciosa grave durante a viagem e (4) tenha passado mais de 3 meses num país em vias de desenvolvimento.


        O médico intervem no aconselhamento geral, nas recomendações sobre a vacinação e à medicação, na avaliação do risco para o viajante individual. Tem em consideração a probabilidade de este vir a contrair uma infecção ou doença e o impacto da sua gravidade no mesmo. Para cada doença considerada é também realizada uma avaliação relativamente à disponibilidade e comodidade da quimioprofilaxia, bem como os respectivos efeitos secundários e a qualquer risco de saúde pública associado (por ex. risco de infectar a comunidade). O médico intervem ainda na composição do estojo médico e artigos de higiene pessoal de acordo com as possíveis necessidades e duração da viagem, assim como nas precauções de segurança em caso de perda ou roubo. Deve ainda ter particular intervenção nos viajantes com maior risco: com condições médicas pré-existentes e necessidades especiais: recém-nascidos, crianças jovens, mulheres grávidas, idosos, deficientes com incpacidade física, doenças pré-existentes: doenças cardiovasculares, hepatite crónica, doenças inflamatórias crónicas intestinais  doenças renais crónicas que requerem diálise,  doenças respiratórias crónicas, diabetes, epilepsia, imunossupressão devido a medicação ou a infecção por VIH, doenças trombo-embólicas prévias, anemia grave, distúrbios mentais graves e situações crónicas que necessitam de intervenção médica frequente. Para estes viajantes é necessário aconselhamento médico e precauções especiais, assim como informação adequada sobre os serviços médicos disponíveis no destino da viagem.


        As companhias seguradoras também intervêm porque os cuidados médicos no estrangeiro estão, frequentemente, disponíveis apenas em clínicas privadas e dispendiosas e é preciso prever que o viajante pode necessitar de ser repatriado por acidente ou doença. Em caso de óbito no estrangeiro, o repatriamento do corpo pode ser extremamente oneroso e difícil de organizar. É bom fazer um seguro que cubra os eventuais cuidados de saúde num destino com potenciais e elevados riscos para a saúde, mesmo face a cuidados médicos dispendiosos ou de difícil acesso, que abranja: alterações de itinerário, repatriamento de emergência por motivos de saúde, hospitalização, cuidados médicos em contexto de doença ou acidente e repatriamento do corpo em caso de óbito.


        Os operadores turísticos, os agentes de viagem e as companhias aéreas ou de navegação têm uma responsabilidade importante na salvaguarda da saúde dos viajantesdeveno fornecer informações sobre seguros de saúde para viajantes. O contacto com o viajante, antes da viagem, proporciona uma oportunidade única para o informar e aconselhar sobre a situação específica de cada país a visitar, orientando sobre:

        - a consulta de medicina do viajante;

        - a consulta de última hora ou da véspera da partida;

        - os perigos e precauções apropriadas sobre a integridade física e a segurança pessoal;

        - o seguro de saúde adequado à viagem;

        - os procedimentos necessários para obtenção de assistência médica e medicamentosa e respectivo reembolso, particularmente se a modalidade segurada for providenciada pelo  

          agente ou companhia de viagem;

        - o certificado obrigatório de vacinação para a febre amarela;

        - a necessidade de precauções contra a malária;

        - outros perigos importantes para a saúde;

        - a presença ou ausência de qualidade nos meios médicos disponíveis.


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